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Humanização e tecnologia na saúde: um novo olhar

Humanização e tecnologia, um caminho possível

Humanização e tecnologia na saúde: caminhos para um processo sustentável neste ecossistema

Falar de humanização e tecnologia juntas pode parecer contraditório. Afinal, quanto mais se utilizar a tecnologia, menos pessoas estarão no processo, não é mesmo?

Pois bem, é necessário um mergulho mais profundo nestes temas para perceber que estes dois vocábulos precisam andar juntos. Desta forma será maior a possibilidade dos processos resultarem em impactos positivos para todo o sistema de saúde.

Contudo, antes de avançarmos, vamos alinhar alguns conceitos-chave para esta discussão, combinado?

Tecnologia: o que é

Quando você pensa em tecnologia, o que lhe vem imediatamente à mente?

Apesar de em muitos momentos relacionar tecnologia a máquinas, equipamentos e IoT (Internet of Things), ou para nossa área, IoHT (Internet of Health Things), ao se buscar a etimologia da palavra, percebe-se que ela vai além deste reducionismo.

Afinal, techné significa saber fazer. Já logos é razão. Neste sentido, de uma maneira simplista, podemos afirmar que tecnologia é a razão de saber fazer.

Entretanto, para fundamentar um pouco mais, quero trazer alguns conceitos acadêmicos:

“[…] tecnologia refere-se a algo que desenvolvido venha facilitar a realização de um trabalho, bem como viabilizar o entendimento e aplicação de uma ação.” (SANTOS, 2016 APUD SCHALL E MODENA, 2005).
“[…] compreende saberes e habilidades e necessita ser diferenciada de equipamento ou aparelho tecnológico”. (SANTOS, 2016 APUD PRADO; MARTINS, 2002).
Por outro lado, ao buscar o vocábulo aplicado na área da saúde, temos:

“[…] conhecimento aplicado que permite a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças, e a reabilitação de suas consequências”. (SANTOS, 2016 APUD VIANA, 2011).
“[…] intervenção usada para promoção, prevenção, diagnóstico ou tratamento de doenças; ou para promover a reabilitação ou cuidados a curto, médio e em longo prazo (SANTOS, 2016 APUD BRASIL,2006).

Humanização e tecnologia: tipos de tecnologias
SALVADOR (2022). Adaptado de Santos (2016, p.16).

Neste contexto, você consegue perceber que quando se atribui o termo tecnologia em saúde, deve-se evitar reduzir o entendimento a weareables (dispositivos vestíveis como um relógio inteligente – smart watch)? Qualquer processo, procedimento, que de alguma forma interfira no resultado favorável à atenção e ao cuidado, pode-se considerar como um uso tecnológico.

Agora, depois de definir tecnologia, vamos para humanização. Após, sem dúvida, vamos conseguir unir os dois conceitos.

Humanização: o que é

Assim como a tecnologia, a humanização também é um daqueles conceitos que carrega consigo um pouco de subjetivismo. Dessa forma, já lhe convido a pensar no que é humanização para você?

Humanização e tecnologia: o que é a humanização
Google imagens (2022).

De qualquer forma, assim como na tecnologia, quero lhe trazer alguns fundamentos teóricos a respeito deste vocábulo.

Perceba que o termo humanização não é algo novo. Já em 2010 o Ministério da Saúde (MS) criou um manual para os gestores do SUS (Sistema Único de Saúde), dentro da política nacional de humanização (que está vigente desde 2003) – Humaniza SUS.

Neste manual, define-se como atendimento humanizado SUS “aquele que reconhece o outro como legítimo cidadão de direitos, valorizando os diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde.” (BRASIL, 2010)

Ainda, o MS (2010) defende que humanização é a “valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores”. Para que isso aconteça é necessário a “autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários, a construção de redes de cooperação e a participação coletiva no processo de gestão.”

Dessa forma, perceba que quando se fala em humanização, assim como em tecnologia, há uma ampliação do seu alcance, pois, ainda mais no contexto saúde, todo o sistema é afetado. Uma ação que seja desumanizada, acarreta custos emocionais, financeiros e estruturais para toda a cadeia.

Humanização e tecnologia: dois conceitos que andam juntos

Com estas definições apresentadas vamos compor o conceito de humanização e tecnologia para a área da saúde?

Você concorda que poderíamos afirmar que humanização e tecnologia para a área da saúde é utilizar as melhores técnicas, metodologias e conhecimento para promover, prevenir, diagnosticar e tratar a saúde das pessoas, da maneira que respeite e valorize a autonomia e o protagonismo de cada pessoa?

Caso você concorde com esta definição, ao olhar para nosso sistema de saúde atual, diria que este é o espelho do que ocorre nas relações entre os atores envolvidos com a saúde?

Na sua opinião, este desencontro de entendimentos é específico para a área pública ou encontramos nas relações privadas, também?

Além disso, ao olhar sobre este prisma, concorda que é totalmente possível e viável que a humanização e a tecnologia andem juntas e dessa forma promovam a sustentabilidade do sistema?

Pois bem, vamos mergulhar um pouco mais nestes conceitos.

Você já ouviu falar que “a grande jogada” é colocar o foco no paciente(cliente)?

Por que isso é importante e como a humanização e a tecnologia podem apoiar este processo?

Humanização e tecnologia: apoio na centralidade do paciente(cliente)

Creio que você já ouviu o provérbio chinês atribuído a Lao-Tsé: “Dê ao homem um peixe e ele se alimentará por um dia. Ensine um homem a pescar e ele se alimentará por toda a vida.”

Ao formular este pensamento, o filósofo elucidou o que há de mais precioso no ser humano: a inteligência, a autonomia e o protagonismo. Dessa forma, por qualquer teoria ou prisma relacionado à aprendizagem, a formulação será assertiva, pois a ideia é tornar ativo, isto é, dar responsabilidade para o indivíduo sobre o coletivo.

Além do que, estimular o cérebro e todas as conexões dando um sentido de ação aquele que recebe o convite para agir.

Quando se proporciona a autonomia para as pessoas e estas entendem como importante e benéfico para si, após vencer todas as resistências típicas do processo de mudança comportamental, há o reconhecimento de que fazer de outra maneira será melhor para a sua qualidade de vida e de todos que estão no seu círculo de convivência.

Humanização e tecnologia: centralidade no paciente
Freepik.com (2022).

Neste contexto, você já conseguiu identificar como a humanização e a tecnologia estão inerentes no processo?

A tecnologia fornece a razão de saber fazer processos diferentes que promoverão a saúde. Por sua vez, a humanização possibilita o protagonismo do autocuidado das pessoas.

Contudo, por que esta forma diferente de ação gera sustentabilidade no sistema de saúde?

Para melhor responder esta indagação, vamos para um exemplo prático.

Humanização e tecnologia: foco no paciente

Atualmente, as doenças crônicas não transmissíveis, por exemplo, hipertensão, diabetes e obesidade, são as mais presentes no sistema de saúde. Inclusive a elas se atrelada um alto custo e diminuição na qualidade de vida dos pacientes(clientes).

Aliás, para que saiba mais sobre estas doenças crônicas, em especial as que se referem à cardiologia, recomendo a leitura deste post.

Entretanto, com o avanço do entendimento destas enfermidades e com as tecnologias disponíveis para a área da saúde, muito há de se fazer de positivo para todo o sistema.

No caso do paciente(cliente), ao colocá-lo como centro e corresponsável do processo, ele passa a ser ativo e menos dependente unicamente do medicamento e da atenção dos profissionais da saúde.

Ao pensarmos na diabetes, por exemplo. Sabe-se que a alimentação e rotina de exercícios aumentam e muito a qualidade de vida do paciente. Através do acompanhamento, pautado em um processo de monitorar as ações destes pacientes(clientes), consegue-se indicadores de como a proatividade tem melhorado a saúde e o bem-estar deles. Do mesmo modo, a inércia e o descaso demonstrarão os impactos negativos que a sua passividade está gerando.

Como a humanização e a tecnologia podem ajudar pacientes crônicos

Neste sentido, um paciente(cliente), mesmo crônico, terá uma qualidade de vida muito melhor, sustentada por uma visão focada na promoção à sua saúde.

Assim, estas pessoas (doentes crônicos) podem ter menos crises, que resultem em internações. Acabam por diminuir a carga de medicamentos, o quais, por sua vez, impactarão nos efeitos colaterais.

Resultado desta pequena mudança, onde o paciente(cliente) passa a ser protagonista do processo, é que os gastos do seu tratamento serão reduzidos e os profissionais da saúde que o acompanham terão mais oportunidades de traçar estratégias de cuidado para que se prolongue a sua expectativa de vida, com qualidade.

Consequentemente, uma ação como esta impactará positivamente em todo o sistema de saúde. Portanto, não é utópico afirmar que várias situações iguais ou semelhantes à relatada, podem sim tornar mais sustentável o sistema pois serão tratadas as causas, reduzindo as consequências e criando um círculo virtuoso de atenção e cuidado para aqueles que necessitarem utilizar os recursos da saúde.

Referências bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Humaniza SUS: Documento Base para Gestores e Trabalhadores do SUS. 4 ed. 2010.

MELO, Luísa. 4 erros que estragam sua estratégia, segundo Michael Porter. 2013. Disponível em: < 4 erros que estragam sua estratégia, segundo Michael Porter | Exame>. Acesso em: out. 2022.

SANTOS, Zélia Maria de Souza Araújo. Tecnologias em saúde: da abordagem teórica a construção e aplicação no cenário do cuidado. UECE: Ceará, 2016.

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